domingo, 6 de abril de 2014

Pesquisa do Ipea estava errada

http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2014/04/04/interna_brasil,497759/pesquisa-do-ipea-estava-errada.shtmlEm vez de 65%, 26% da população aprova total ou parcialmente a frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas"
Publicação: 04/04/2014 16:21 Atualização: 04/04/2014 17:20
O diretor de estudos e políticas socias do Ipea, Rafael Guerreiro Osorio, pediu exoneração do cargo. O motivo: uma troca nos gráficos da pesquisa que indicava que a maioria dos brasileiros (65%) diziam que mulheres que vestiam roupas curtas mereciam ser atacadas. O percentual correto é 26%. Pouco mais de um quarto da população.

A pesquisa chocou o país e levou milhares de pessoas a fazerem campanhas contra o "machismo" indicado pelo resultado anunciado. Os jornalistas do Diario de Pernambuco também chegaram a usar as redes sociais, com o apoio do jornal, para externar sua indignação, com a campanha #vaiterquerespeitar.

O resultado correto seria: 26% concordam, total ou parcialmente, com a afirmação "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas"; 65% discordam total ou parcialmente e 2,3% se dizem neutros. Em todo o país, até a presidente Dilma Rousseff aderiu à campanha #eunaomerecoserestuprada.

Confira abaixo a íntegra da nota do Ipea"Vimos a público pedir desculpas e corrigir dois erros nos resultados de nossa pesquisa Tolerância social à violência contra as mulheres, divulgada em 27/03/2014. O erro relevante foi causado pela troca dos gráficos relativos aos percentuais das respostas às frases Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar e Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. Entre os 3.810 entrevistados, os percentuais corretos destas duas questões são os seguintes:
Corrigida a troca, constata-se que a concordância parcial ou total foi bem maior com a primeira frase (65%) e bem menor com a segunda (26%). Com a inversão de resultados entre as duas questões, relatamos equivocadamente, na semana passada, resultados extremos para a concordância com a segunda frase, que, justamente por seu valor inesperado, recebeu maior destaque nos meios de comunicação e motivou amplas manifestações e debates na sociedade ao longo dos últimos dias.
O outro par de questões cujos resultados foram invertidos refere-se a frases de sentido mais próximo, com percentuais de concordância mais semelhantes e que não geraram tanta surpresa, nem tiveram a mesma repercussão. Desfeita a troca, os resultados corretos são os que seguem. Apresentados à frase O que acontece com o casal em casa não interessa aos outros, 13,1% dos entrevistados discordaram totalmente, 5,9% discordaram parcialmente, 1,9% ficou neutro (não concordou nem discordou), 31,5% concordaram parcialmente e 47,2% concordaram totalmente. Diante da sentença Em briga de marido e mulher, não se mete a colher, 11,1% discordaram totalmente, 5,3% discordaram parcialmente, 1,4% ficaram neutros, 23,5% concordaram parcialmente e 58,4% concordaram totalmente.

A correção da inversão dos números entre duas das 41 questões da pesquisa enfatizadas acima reduz a dimensão do problema anteriormente diagnosticado no item que mais despertou a atenção da opinião pública. Contudo, os demais resultados se mantêm, como a concordância de 58,5% dos entrevistados com a ideia de que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros. As conclusões gerais da pesquisa continuam válidas, ensejando o aprofundamento das reflexões e debates da sociedade sobre seus preconceitos. Pedimos desculpas novamente pelos transtornos causados e registramos nossa solidariedade a todos os que se sensibilizaram contra a violência e o preconceito e em defesa da liberdade e da segurança das mulheres.

Rafael Guerreiro Osorio* e Natália Fontoura
Pesquisadores da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc/Ipea) e autores do estudo"

*Rafael Guerreirro Osorio é o diretor que pediu exoneração do cargo


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