domingo, 29 de maio de 2011

Dia do Geógrafo (a)

http://www.diariodepernambuco.com.br/2011/05/28/colunas4_0.asp
Enildo Luiz Gouveia
Prof.º Msc. em Geografia, Poeta e Compositor
chapeupjmp@bol.com.br
Recife,28 de maio de 2011
Antes de escrever este texto, que tem como objetivo parabenizar e tentar contextualizar o dia do geógrafo lembro-me dos debates nas aulas da pós-graduação. Os limites entre ser bacharel (Geógrafo) e Licenciado (Professor de Geografia) torna-se confuso não apenas na Geografia, como também em várias ciências, sobretudo no âmbito da pós-graduação. Como acredito na Educação, formei-me e assumo-me no grupo dos licenciados.

O Nordeste e particularmente Pernambuco, através da sua escola geográfica deram (e ainda dão só que numa escala mais reduzida) importantes contribuições para o entendimento acerca da realidade brasileira. Assim, nomes como os de Gilberto Osório, Manoel Correia de Andrade e Josué de Castro foram imortalizados por causa da relevância dos conhecimentos produzidos. Do período compreendido entre o início e meados do século passado, a Geografia esteve presente na vanguarda da ciência brasileira, colaborando intensamente com o processo de desenvolvimento do nosso país. Hoje, no entanto, a Geografia enfrenta diversas dificuldades para retomar seu prestígio, uma vez que outras ciências e técnicas passaram a fazer-lhe “concorrência”. Há também uma não clareza epistemológica e prática da Geografia. Isto se reflete, por exemplo, em diferenças na formação do Geógrafo e do Professor de Geografia em nosso país. Outro fato é que cada universidade coloca a Geografia onde bem entende: ora junto com as ciências humanas, ora com as ciências exatas e da natureza.

 A profissão de Geógrafo foi regulamentada pela Lei 6.664/79 e Decreto 85.138/80 e pela Lei 7.399/85 e Decreto 92.29/86. Se no campo técnico e de pesquisa estes profissionais enfrentam dificuldades, na escola, os professores de Geografia travam uma eterna batalha para retirar da mentalidade estudantil a ideia de uma Geografia que seja mera decoreba. Infelizmente a prática de muitos docentes estimula esta concepção. Isto é particularmente explícito num país onde os investimentos em ensino e pesquisa seguem a lógica meritocrática, desconsiderando-se as diferenças regionais das estruturas acadêmicas.

 No dia 29 de maio, Dia do Geógrafo (a) e do Professor (a) de Geografia, além de congratulações e formalidades, gostaria que procurássemos mais o aperfeiçoamento que a lamentação. Para saber algo é preciso reconhecer o que não se sabe e ter clareza sobre o que se quer saber. A busca é inesgotável! Num momento em que tanto se fala em saberes inter, multi, trans e metadisciplinares cabe capacitar-se cotidianamente, mostrar-se aberto a novas aprendizagens e repensar a forma do seu fazer, bem como, ter claro qual o objeto de sua abordagem científica, para não cair em um vazio discursivo. 


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