segunda-feira, 4 de abril de 2011

MAPEAMENTO DA FORÇA GRAVITACIONAL DO NOSSO PLANETA

http://www.diariodepernambuco.com.br/2011/04/02/ciencia1_0.asp

Brasília - A imagem, a princípio, assusta. A Terra aparece como uma batata gigante girando no espaço. Trata-se, porém, do mapa mais fiel já elaborado da força gravitacional que age sobre o planeta. O modelo, denominado geoide, é resultado de um estudo realizado pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) e divulgado ontem. As informações contidas nele podem ajudar os cientistas a estudarem com mais exatidão fenômenos geológicos, como terremotos e vulcões, e compreenderem melhor as mudanças climáticas.
 No modelo, as áreas vermelhas indicam força gravitacional maior, e as azuis, menor Foto: HPF/ESA/DLR
Para chegar a esse resultado, os cientistas coletaram informações colhidas pelo satélite Goce. O formato inusitado que o modelo confere ao planeta decorre da variação da gravidade sobre a Terra, que não é a mesma em todo lugar. Sobre o Equador, no topo de montanhas e em áreas com camadas de sal abaixo da superfície, por exemplo, ela costuma ser menor. Já em locais com alta densidade no solo, devido à presença de minérios ou de um campo de petróleo, a força é maior. No mapa da ESA, as áreas de menor gravidade aparecem azuis e as de maior, amarelas.

Um dos resultados mais comemorados do estudo é o modelo gerado dos mares da Terra. Segundo explica ao Correio Braziliense/Diario Reiner Rummel, um dos coordenadores da missão e cientista do Instituto de Astronomia e Física Geodésica, da Universidade Técnica de Munique (Alemanha), o geoide é idêntico aos oceanos caso eles pudessem ficar em repouso absoluto, sem movimento de marés ou de ondas. Dessa forma, ao comparar dados reais com os do modelo, os cientistas poderão aprender muito sobre o comportamento das águas no Planeta Azul. 'Essa informação é crucial para criar modelos climáticos. Com ela podemos determinar a velocidade das correntes marítimas. Isso vai ajudar a entender como a grande massa de oceanos move calor ao redor da Terra`, diz Rummel.

O geoide também fornece um sistema universal para comparar altitudes em diferentes partes da Terra, à semelhança dos aparelhos de nivelamento que, na construção civil, revelam aos engenheiros para onde um determinado fluido corre naturalmente dentro de um tubo ou cano. Cientistas geofísicos também podem usar os dados para investigar o que ocorre nas profundezas da Terra, especialmente naqueles pontos suscetíveis a terremotos e erupções vulcânicas. Há muitas informações também sobre o Himalaia, a África Central, os Andes e a Antártida. 

´Tudo isso vai melhorar a nossa compreensão da estrutura interna da Terra`, comemora o cientista e geofísico Carlos Roberto de Souza, do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele explica que, antes do mapeamento do Goce, as medições da gravidade no planeta eram feitas por aviões que voavam em baixa altitude e pelos próprios cientistas que iam a campo. A maior dificuldade estava em alcançar áreas remotas, como os polos e os picos das montanhas. Com o satélite, isso pôde ser feito em escala global inédita. ´É a primeira vez que estamos vendo uma imagem real dessas variações`, afirma Souza.

Tremores

Segundo os cientistas envolvidos na missão, o geóide deve permitir um conhecimento mais profundo dos processos que causam terremotos, como o tremor que assolou o Japão recentemente. ´Quando há um sismo, como no Japão, ele redistribui a massa, levanta o fundo do oceânico. É como se a Terra inchasse. Essa mudança afeta a gravidade. Com as informações do satélite, poderemos entender melhor os efeitos provocados pelo tremor na topografia terrestre`, explica Lucas Vieira Barros, coordenador do Observatório Nacional Sismológico da Universidade de Brasília (UnB). Contudo, Barros ressalta que a ferramenta ainda não é capaz de prever os sísmos. ´Ainda somos incapazes de observar todas as variáveis que determinam a ocorrência de um tremor`.

No entanto, de acordo com Reiner Rummel, o mapeamento pode ajudar na exploração de petróleo e na descoberta de depósitos de minérios, uma vez que as áreas onde esses elementos ocorrem possuem uma gravidade maior. Segundo Souza, da Unicamp, isso pode beneficiar a exploração petrolífera na costa brasileira. ´Como o sal tem uma densidade bem diferente, eventualmente isso pode auxiliar nos levantamentos já existentes sobre onde estão exatamente essas camadas e se há, ou não, petróleo`.

"Geoide beneficiará pesquisas sobre fenômenos como terremotos e vulcões` Reiner Rummel, do Instituto de Astronomia da Universidade de Munique

RESPONDA
1º O que retrata a figura acima?                
2º Para que serve as informações contidas neste mapeamento?
3º O que significa as cores azul e laranja do mapa? 
4º Onde estão mapeados os locais de maior e menor gravidade?
5º Em que vai ajudar o mapeamento das áreas de maior e menor gravidade do Planeta? 
6º Como o mapeamento vai ajudar no estudo do clima?

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