A conferência da ONU sobre o clima em Doha, no Catar, chegou ao seu final neste sábado com uma mudança histórica em princípio, mas poucos avanços genuínos em cortes de emissões de gases do efeito estufa.
A conferência estava prevista
inicialmente para terminar na sexta-feira, mas foi prorrogada por falta de
consenso.
As negociações de última hora tiveram sua dose de drama, com uma ameaça
de colapso com a insistência da Rússia, da Ucrânia e de Belarus de que deveriam
receber um crédito extra pelos cortes de emissões ocorridos quando suas
indústrias fecharam.
Após um longo atraso, o presidente da conferência perdeu a paciência,
reiniciou as reuniões e passou a agenda tão rapidamente que não houve chance d
a Rússia fazer objeções. A ação foi recebida com um longo aplauso.
A Reunião da ONU sobre mudanças climáticas foi atrasada por impasse sobre
compensações
A Rússia reclamou de uma suposta ilegalidade de procedimentos, mas o
presidente afirmou que não faria mais do que refletir a visão russa em seu
relatório final.
O acordo, apoiado por quase 200 países,
mantém o protocolo vivo como o único plano legal obrigatório para o combate ao
aquecimento global.
Porém
ele determina metas obrigatórias apenas para as nações em desenvolvimento, cuja
parcela de responsabilidade pela emissão de gases do efeito estufa é de menos
de 15%.
O
texto final "sugere" que as nações ricas mobilizem pelo menos US$ 10
bilhões ao ano entre 2015 e 2020, quando o novo acordo global para o clima deve
entrar em vigor, para compensações pelos efeitos das mudanças climáticas.
Além de conseguir um acordo para estender o
Protocolo de Kyoto até 2020, a conferência estabeleceu pela primeira vez que as
nações ricas devem começar a compensar as nações pobres por perdas em
consequência das mudanças climáticas.
O novo mecanismo proposto de Perdas e
Danos, para compensar as nações em desenvolvimento, é considerado um exemplo de
sucesso no processo diplomático.
Até
agora as nações ricas aceitavam ajudar financeiramente países em
desenvolvimento a adotar projetos de energia limpa para combater as mudanças
climáticas, mas não aceitavam responsabilidade pelos danos causados em outros
lugares pelas mudanças climáticas. Em Doha esse princípio mais amplo foi
aprovado.
Os grandes emissores como
os Estados Unidos, a União Européia e a China aceitaram o acordo com graus
variados de reservas. Mas o representante das pequenas ilhas gravemente
ameaçadas pelas mudanças climáticas foi feroz em suas críticas.
"Vemos o pacote diante de nós
profundamente deficiente na mitigação (cortes de emissões) e no financiamento.
É provável que vá nos manter na trajetória de aumento de 3, 4 ou 5 graus nas
temperaturas globais, apesar de termos concordado em manter um aumento de
temperatura de no máximo 1,5 grau para garantir a sobrevivência de todas as
ilhas", afirmou.
Os
Estados-ilha aceitaram o acordo porque para eles é melhor do que nada.