Marcionila Teixeira
Indo de encontro aos números do IBGE, famílias de classe média extrapolaram a conta de ter apenas dois rebentos
A conta é certeira: a cada dois anos surge uma nova vida na família de Anete Dias, uma empresária recifense de 38 anos. Se tudo sair como o planejado, no próximo ano Anete terá mais um bebê. Juntos, todos os filhos dela somarão cinco, algo pouco comum entre as mulheres da mesma geração da empresária. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística (IBGE) apontam que famílias grandes como a da empresária estão cada vez menos presentes nos lares brasileiros, mas ainda resistem nos quatro cantos do estado. Na última década, o número de pessoas por família caiu em todo o país. Em Pernambuco, se há dez anos havia 117.080 domicílios com oito pessoas ou mais, em 2010 o número caiu para 67.298.
Dados do IBGE apontam que o Nordeste ainda desponta no país como a região que mais tem domicílios abrigando oito pessoas ou mais. Pelo Censo de 2010, são 472.405 domicílios desses nos estados nordestinos. Há dez anos, o número era bem maior: 823.892. João Rosendo, do IBGE, destaca que os dados não apresentam surpresa. “Eles confirmam a tendência de redução de número de filhos dentro das famílias.” Ainda de acordo com ele, a faixa etária encontrada em maior quantidade no país está entre os 35 e 39 anos, com 6 milhões de pessoas contabilizadas. “Isso significa dizer que a população está envelhecendo, deslocando-se para as faixas etárias maiores, o que também confirma a queda da natalidade”.
Fecundidade
Apesar da queda no número de pessoas por domicílio ao longo da década constatada pelo IBGE, pela primeira vez no período a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) constatou um aumento no número de filhos por mulher de um ano para outro, passando de 1,89 criança por mulher, em 2008, para 1,94, em 2009. “Na década, o número de filhos caiu, mas em alguns pontos das pesquisas anuais, principalmente as do fim da década, percebemos um aumento da fecundidade. Se por um lado, o número de laqueaduras reduziu no país, por outro lado, aumentou o volume de pessoas em busca de programas sociais, como Bolsa-Família e de saúde, graças à profusão de Postos de Saúde da Família por todos os cantos. As mulheres agora procuram o médico para buscar o obstetra e ter o filho”, explica Rosendo.
O que antes era comum, passa a ser exceção, alvo de comentários. Na avaliação do professor e antropólogo Perry Scott, da UFPE, no passado a visão de mulheres com muitos filhos era bastante comum. “Não acredito que mulheres com muitos filhos sejam uma tendência. Acho mais que elas estão na contramão do que acontece no país e no mundo inteiro. Um caso curioso é o do Japão. Lá, um resultado de políticas públicas que inibiram muitos filhos por família foi uma sobrecarga na previdência, já que há poucos jovens para manter os idosos”, opina.
Saiba mais
Em 2000, o Nordeste tinha 823.892 domicílios com oito ou mais moradores
Dez anos depois, o Nordeste tinha 472.405 domicílios com oito ou mais moradores
No Nordeste, a média de moradores por domicílio é de 3,54 pessoas
No Norte está a maior média do Brasil de moradores por domicílio: 3,97 pessoas
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), o número de filhos por mulheres subiu entre 2008 e 2009, passando de 1,89 criança por mulher para 1,94
Fonte: IBGE
Esta reportagem foi postada no blog a pedido do professor de Geografia. Desculpem a demora e esperamos que seja aproveitada. Aproveito também para divulgar que nos links pedagógicos foi disponibilizado o Atlas de Desenvolvimento Humano e Texto sobre Recife do Observatório das Metrópoles. Obrigada pela participação
ResponderExcluirFormadoras de Geografia