terça-feira, 27 de maio de 2014

Dia da Mata Atlântica

Dia 27 de maio é o dia da mata atlântica e  estamos com grandes problemas de abastecimento de água pelo Brasil a fora, no sertão nordestino, em  São Paulo e Rio de Janeiro a situação é no mínimo preocupante. Mas o quê a vegetação tem a ver com água? A água na superfície terrestre é a mesma desde a sua formação, sabia disso? Como tudo está interligado, o desmatamento tem tudo a ver com a falta de água, porque sem árvores não há evapotranspiração, não há formação de nuvens, não há chuva para encher os reservatórios. Não chove para encher as barragens, faz tempo! Esqueceu que tudo está interligado? Mas ingenuamente continua-se a desmatar as florestas, como se não houvesse consequências. 

O que tem a ver desmatamento com escassez  da água? 

Você já pensou se ela nos faltar? Vamos deixar que isso aconteça?  De imediato o que precisamos fazer agora?

Um futuro para a Mata Atlântica

http://www.estudopratico.com.br/mata-atlantica-fauna-flora-e-fotos/

http://viajeaqui.abril.com.br/materias/mata-atlantica-animais-conservacao

A floresta foi reduzida a 7% da área de suas primeiras descrições, no século 16, e, ainda assim, abriga 8000 espécies de plantas e animais endêmicos. Quando os portugueses chegaram à costa brasileira, a Mata Atlântica cobria cerca de 1,5 milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro – que, em 500 anos, foram reduzidos a 7% dessa área. Nesse bioma, vivem atualmente 8 000 espécies de plantas e animais endêmicos. Mais de 530 dessas espécies estão ameaçadas de extinçãoDesmatamento, fragmentação do habitat e o tráfico são as principais ameaças enfrentadas pelas espécies ameaçadas de extinção. As maiores extensões de Mata Atlântica revelam-se apenas em fragmentos no norte do Paraná e sul de São Paulo, na região das Agulhas Negras e Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, no centro de dois parques nacionais.Outros bolsões menores conservados surgem ao norte de Linhares, no Espírito Santo, na Reserva Biológica de Sooretama e na Reserva Natural Vale, que formam um bloco importante. No sul da Bahia, o verde é dos parques nacionais perto de Porto Seguro e da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel. Cada pequeno fragmento de mata atlântica é importante – uma matriz para a reconstituição da floresta. Em algum momento, nós brasileiros vamos perceber o que estamos perdendo e precisaremos nos dedicar a refazer a mata. Alguns já estão trabalhando – cidadãos e empresas. A Reserva Ecológica Guapiaçu (Regua), no Rio de Janeiro, estimula a educação ambiental nas comunidades vizinhas e realiza pesquisas em suas matas, aumentando o conhecimento sobre a fauna da Serra do Mar, beneficiando também as reservas governamentais próximas. Está adquirindo novas áreas e reflorestando-as para conectar suas florestas ao Parque Estadual dos Três Picos, aumentando a possibilidade de manter saudáveis as nascentes da bacia do rio Guapiaçu e os processos evolutivos e ecológicos que dependem de grandes áreas contínuas. A Regua localiza-se no município de Cachoeiras de Macacu. O nome diz tudo – é a fonte de água que abastece as cidades vizinhas e, em um futuro próximo, também a cidade do Rio de Janeiro. Nicholas Locke, da Regua, esclarece o papel das reservas criadas por ONGs ou empresas privadas e as reservas governamentais, e a importância relativa das duas áreas: “O governo tem as ferramentas para decretar áreas importantes para a preservação do meio ambiente e este papel é de suma importância. O Glaucis dohrnii, o balança-rabo-canela, não é um beija-flor que pode ser atraído para garrafinhas. Quando me propus a fotografá-lo, não imaginava as dificuldades, nem que levaria vários dias para conseguir boas imagens de uma avezinha de apenas 12 centímetros e pesando menos de 7 gramas. Na floresta densa e alta da RPPN Veracel, esse beija-flor respondia ao play-back de seu canto apenas voando sobre mim, minha mulher e Jaílson, da Veracel, para logo sumir na mata. Tentávamos localizá-lo na vegetação densa, e quando o conseguíamos, ele já desaparecia de novo na floresta, até que recomeçava a chover e tirávamos o time de campo.Quando, a caminho da RPPN Serra Bonita, ao norte do rio Jequitinhonha, a cerca de 700 metros de altitude, no município de Camacan, eu e o biólogo-pesquisador Vitor Becker passávamos por uma casinha na estrada escorregadia, que exigia todo o cuidado na direção da velha Toyota, Vitor deu a dica: “É aqui que fica o acrobata. Olha lá os ninhos dele – aqueles tufos de gravetos sobre os galhos”. O acrobata (Acrobatornis fonsecai) só foi descrito para a ciência em 1994, o que revela a falta de conhecimento que ainda há sobre a Mata Atlântica. Na Serra Bonita, vive também o raro e ameaçado macaco-prego-de-peito-amarelo.A RPPN Serra Bonita é estratégica. Além desta reserva, apenas o Parque Nacional da Serra das Lontras protege matas atlânticas sul-baianas de altitude! Depois de se aposentar, Becker investiu na compra de terras na Serra Bonita e estabelecer a reserva. Criou o Instituto Uiraçu, ONG cuja finalidade principal é manter e fazer crescer a reserva, adquirindo terras e realizando pesquisas para aumentar o conhecimento do ecossistema. O biólogo construiu uma impressionante estrutura de pesquisa e alojamentos para pesquisadores e observadores de aves que vêm ver o acrobata e outras iguarias ornitológicas.A pequena RPPN Salto Morato, de 2 253 hectares, no litoral do Paraná, é coberta por mata atlântica de baixada, muito úmida, riquíssima em plantas epífitas e de grande beleza cênica. O Salto Morato é uma cachoeira impactante, descendo em queda de 100 metros da Serra do Mar. No rio do Engenho, uma figueira centenária encanta os visitantes, formando um arco completo sobre os seis metros de largura do rio. Mantida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, a RPPN Salto Morato tem um elaborado trabalho de manejo e interpretação de trilhas para educação ambiental, um belo centro de visitantes e exporta essa tecnologia para outras reservas. Já serviu de campo para mais de 90 estudos e pesquisas sobre biodiversidade, que resultaram na descrição de três novas espécies (dois peixes e um anfíbio). Saber é poder.Alguns brasileiros estão trabalhando pelas nossas florestas. Há esperança para a Mata Atlântica. Lembrei-me da velha história do beija-flor, que leva água no bico para apagar o incêndio da mata.Mas diante de tamanha irresponsabilidade com a água, economizar é apenas um paliativo para retardar um mal maior, a escassez imediata.


terça-feira, 20 de maio de 2014

Tafta: EUA e UE negociam em segredo um dos tratados mais importantes da história

Mais um acordo comercial em andamento, entre um bloco econômico e a maior nação da Terra. Quais interesses e necessidades da União Européia e Estados Unidos? O quê ambos têm em comum?Até onde os interesses econômicos superam os interesses da  sociedade? Vai ser bom para quem?
Vamos ler a reportagem da Carta Maior sobre o tema,  vamos refletir, discutir e tirar nossas conclusões.
http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FInternacional%2FTafta-EUA-e-UE-negociam-em-segredo-um-dos-tratados-mais-importantes-da-historia%2F6%2F30953

O tratado que a União Europeia discute com os Estados Unidos desde meados de 2013 só emergiu agora na campanha eleitoral para as eleições europeias.

Eduardo Febbro


Divulgação

Paris – Sob os critérios das multinacionais, por trás das cortinas, em segredo, sem que os cidadãos conheçam seu conteúdo nem possam opinar ou decidir sobre ele: esse é o indolente marco no qual a União Europeia e os Estados Unidos estão negociando um dos tratados de livre comércio mais inéditos da história humana: o Tafta, Trans-Atlantic Free Trade Agreemen. Apesar de sua importância e dos interesses colossais que estão em jogo, o tratado que a União Europeia discute com os Estados Unidos desde meados de 2013 só emergiu agora na campanha eleitoral para as eleições europeias que serão realizadas entre 22 e 25 de maio. O Tafta é, contudo, um dos mais amplos e decisivos acordos comerciais da história: diz respeito a 800 milhões de pessoas e a duas potências que, juntas, representam mais de 40% do PIB mundial e um terço das trocas comerciais do planeta.

Trata-se, em resumo, de constituir um gigantesco mercado transatlântico regido por normas comuns entre dois sócios que, ainda que pertençam à esfera ocidental, não funcionam nem com os mesmos valores, nem com a mesma jurisprudência. O Tafta – também é conhecido como TTIP, PTCI ou GMT – aponta para a criação de normas convergentes no campo social, técnico, ambiental, de segurança, para a solução de diferenças, acesso a medicamentos, justiça, comércio, legislação trabalhista, proteção de dados digitais, regulação das finanças e educação. O problema central reside em saber a partir de que parâmetro se fixarão essas regras comuns, ou seja, do europeu, muito mais protetor, ou do norte-americano.

O tratado de livre comércio entre Washington e Europa tem dois vícios maiores: um é o fato de ser negociado às escondidas, de costas para a opinião pública; o outro é que sua filosofia prevê que as legislações dos dois blocos respondam às normas de livre comércio estabelecidas pelas grandes empresas europeias e norte-americanas.

Seus partidários, reunidos sob as bandeiras da direita liberal, argumentam que o Tafta trará crescimento e desenvolvimento, que sem ele a Europa se tornará um anão comercial. Os defensores do Tafta sustentam que, uma vez aplicado, o acordo faria Estados Unidos e Europa ganharem 0,05 pontos de crescimento por ano. Seus adversários, principalmente os ecologistas, tudo o que está à esquerda do Partido Socialista e a extrema-direita da Frente Nacional alegam justamente o contrário. A presidenta da Frente Nacional, Marine Le Pen, qualifica o tratado como “uma máquina de guerra ultra liberal, antidemocrática, antieconômica e antissocial”. O eurodeputado ecologista Yannick Jadot vê nas negociações em curso “o fim do projeto europeu, o fim de nossa capacidade para decidir nossas opções, a impugnação de nossa soberania”.

Esta negociação transatlântica está ocorrendo na mais absoluta opacidade. O que se conhece até agora veio à luz pela internet e por acaso. Isso leva Raquel Garrido, candidata da Frente de Esquerda para as próximas eleições europeias, a dizer que “a oligarquia avança de costas para os povos”. O cientista político belga, Raul Marc Jennar, escreveu um ensaio sobre o Tafta (“Le grande marché transatlantique. La menace sur les peuples d’Europe” – O grande mercado transatlântico. A ameaça sobre os povos da Europa). Para Jennar, esse tratado tem uma meta clara: consiste em confiar às empresas privadas a possibilidade de decidir normas sociais, sanitárias, alimentares, ambientais, culturais e técnicas. Substituir o Estado é a intenção declarada das grandes multinacionais.

É lícito reconhecer que não faltam razões aos críticos o Tafta. Há pontos decididamente polêmicos. Um dos componentes mais polêmicos do acordo que veio a público até agora é o chamado ISDS (Investor-State Dispute Settlement). Este mecanismo que tende a solucionar os conflitos envolvendo empresas outorga a estas últimas o direito de atacar um Estado cuja política representa um obstáculo para seu desenvolvimento comercial. Em caso de litígio, por exemplo, um tribunal multinacional privado como o ICSID pode aceitar uma queixa de uma multinacional contra França, Alemanha ou a União Europeia. O ICSID é um organismo dependente do Banco Mundial baseado em Washington que tem em seu currículo algumas decisões polêmicas.

Dois exemplos: em 2012, o ICSID condenou o Equador a pagar cerca de 2 bilhões de dólares à empresa Occidental Petroleum porque o país parou de “colaborar” com a petroleira. Em 2010 e 20111, a multinacional Philip Morris recorreu a este mesmo sistema de arbitragem para reclamar de Uruguai e Austrália uma indenização de vários bilhões de dólares porque estes dois países haviam lançado uma campanha contra o tabaco.

Realidades e fantasmas convergem em uma grande discussão que, até o momento, se plasmou em torno de quatro ciclos protagonizados por Karel De Gucht, a comissária europeia encarregada do comércio, e Mike Forman, o representante norte-americano. O senador socialista Henri Weber situa o Tafta como uma espécie de batalha mundial pelas normas: “se os norte-americanos e os europeus se entenderem, suas normas se imporão como normas mundiais. Do contrário, será Pequim ou os países emergentes que fixarão as suas”.

Entre os segredos da negociação do tratado transatlântico há muito mais do que comércio em jogo. Está em questão o modo pelo qual os países vão se relacionar, um modelo para construir uma sociedade. Por um lado, está o modelo norte-americano, o qual o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz chama de “fundamentalismo mercantil”. Por outro, o europeu, que o filósofo e ensaísta Patrick Viveret quer resguardar porque, escreve: “a Europa deve seguir sendo o continente do bom viver”. Os lobbies financeiros trabalham arduamente para derrubar um dos já escassos territórios onde viver bem, ter muitas férias, gozar da proteção do Estado, do amparo de certos valores humanos e republicanos, trabalhar sem morrer na tentativa, é a espinha dorsal sobre a qual repousa a vida de milhões de indivíduos.

Tradução: Louise Antônia León

domingo, 18 de maio de 2014

Mais um alerta sobre o Aquecimento Global

image: info.abril.com.br
Em quem confiar?
As evidências estão aí, para todos verem, não precisa ser especialista!!!! Em todo o mundo as mudanças climáticas estão em evidência, estão em processo, e segundo os especialistas são irreversíveis! O clima está maluco! Esta semana São Paulo nevou como jamais visto! A elevação da temperaturas dos oceanos, tem consequências gravíssimas, e afeta a vida no planeta. Mas o ser humano continua a  destruir as florestas e os 
foto: g1.globo.com
recursos naturais, a produzir e consumir desenfreadamente, a emitir cada vez mais gazes do efeito estufa, a produzir toneladas de lixo diariamente, a poluir o ar, o solo e a água. 
Segundo este novo alerta do IPCC, Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, são os seres humanos os causadores da elevação das temperaturas na Terra. A ONU pede que sejam tomadas providências para barrar a evolução do aquecimento. Precisamos mudar! Mudar em Casa, na Rua, no Bairro, na Cidade, no Estado, no País, no Mundo! Não podemos esquecer: esquecer que fazemos parte de uma cadeia que se interliga delicadamente, ter consciência de tudo isso, é tão simples e complexo ao mesmo tempo, que exige muita sabedoria, nada científico, muita sensibilidade! Precisamos de pequenas ações de todos juntos, afinal diz respeito a nossa Casa, ao nosso Chão, ao nosso Lar, a Terra! O texto a seguir é uma reportagem da revista Veja sobre o IPCC, leiam tirem suas conclusões e comecem agora a fazer a sua parte para diminuir o aquecimento global.
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/derretimento-de-geleiras-na-antartida-e-irrefreavel-dizem-cientistas
 Os pesquisadores afirmaram que é provável que o derretimento das calotas polares na Antártica  ocorra por causa do aquecimento global provocado pelo homem (emissões de gazes do efeito estufa em grande quantidade)  e pelo buraco na camada de ozônio, que mudaram os ventos da Antártida e aqueceram a água que corrói as bases do gelo. Fatores naturais, no entanto, também podem estar entre as causas, acrescentaram os cientistas.
Um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado neste domingo, afirma que a emissão de gases do efeito estufa cresceu em níveis sem precedentes nos últimos anos. Ainda assim, segundo o texto, é possível limitar o aquecimento global em até 2 graus Celsius até 2100 — desde que a ação dos países seja rápida. 

O relatório em números

O IPCC divulgou seu mais novo relatório nesta sexta-feira. Os dados, que passaram por uma revisão mais cuidadosa do que nos textos anteriores, continuam preocupantes

  1. • A temperatura na Terra subiu 0,85 grau Celsius entre 1880 e 2012.
  2. • Entre 1951 e 2012, a média de aumento na temperatura foi de 0,12 grau Celsius por década. Os cientistas do IPCC afirmam ter 95% de certeza de que o ser humano é responsável pela maior parte desse aquecimento
  3. • Desde 1998 o ritmo de aquecimento do planeta caiu para 0,05 grau Celsius por década, mas os pesquisadores afirmam que esse hiato é passageiro.
  4. • A concentração de dióxido de carbono na atmosfera hoje é 40% maior do que no período anterior à Revolução Industrial, principalmente por causa da queima de combustíveis fósseis.
  5. • Até o final do século, a temperatura pode subir 4,8 graus Celsius, na pior das hipóteses. No melhor cenário, onde as emissões humanas de dióxido de carbono são reduzidas ao máximo, esse aumento pode ficar em 0,3 grau.
  6. • O aumento no nível do mar deve ficar entre 26 e 82 centímetros até 2100
  7. • Os pesquisadores afirmam que é extremamente provável que a cobertura de gelo do ártico continue a diminuir até o final do século. Nos verões, essa cobertura pode perder entre 43% e 94% de sua área.
A revisão do modelo não elimina os riscos do aquecimento global. Está mantida a previsão de uma maior quantidade de eventos extremos, como tempestades, furacões e secas. E os cenários para as cidades litorâneas são ainda piores. O relatório de 2007 não levava em conta o derretimento de geleiras na Groenlândia e na Antártica para calcular o aumento no nível do mar, previsto entre 18 e 59 centímetros. Agora, com os modelos mais completos, o IPCC prevê que o nível dos mares vai aumentar entre 26 e 82 centímetros, o que ameaçaria inúmeras cidades costeiras.
O relatório de trinta páginas divulgado nesta sexta-feira é o produto de um encontro de cientistas e representantes governamentais reunidos em Estocolmo, na Suécia, desde segunda-feira. O texto, que é chamado deSumário para Formuladores de Políticas, é o resumo de um relatório técnico de mais de 2.000 páginas escrito por 900 cientistas reunidos pelo IPCC e deve servir para guiar as políticas públicas dos países signatários. O texto divulgado nesta sexta-feira é apenas a primeira das quatro partes que compõem o relatório completo do IPCC.
Esse é o quinto relatório lançado pelo IPCC desde 1988. “A ciência do clima é muito dinâmica. No decorrer dos anos muitos dados novos são publicados e os modelos climáticos se refinam. Por isso, até o momento, os relatórios tiveram uma periodicidade de cerca de 5 ou 6 anos”, afirma o físico Paulo Artaxo, pesquisador da USP e membro do IPCC, que participou da realização do relatório atual e do anterior. A periodicidade permite que os resultados sejam cada vez mais confiáveis e precisos. 
Climategate — O último relatório do IPCC, com suas fortes previsões sobre o aquecimento global, foi muito bem recebido quando lançado, em 2007, o que lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz em conjunto com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos — e novo guru ambiental — Al Gore. Nos anos seguintes, algumas falhas grosseiras e um escândalo arranharam sua credibilidade. Uma de suas previsões dizia, por exemplo, que o Himalaia iria perder todo o seu gelo até 2035 — o que se mostrou um enorme exagero, admitido pelo próprio IPCC. Em 2009, um hacker invadiu os e-mails de cientistas envolvidos no painel e divulgou conversas comprometedoras, que indicavam conluios e acertos para ajustar os dados científicos a fim de aumentar a previsão de aquecimento global. Investigações posteriores mostraram que os dados não foram manipulados, mas o estrago estava feito.
Ciência do aquecimento — Segundo os cientistas, a elaboração de um novo relatório não quer dizer que o anterior estava errado ou mal elaborado, mas faz parte do processo científico, que busca sempre confrontar os novos dados com o conhecimento antigo, em busca de maior precisão e certeza. “Conforme temos novos dados, e novos processos são incluídos nos modelos climáticos, os resultados evidentemente também são aprimorados, levando a conclusões mais claras e com maior embasamento científico. Esse é o funcionamento normal da ciência”, afirma Artaxo.
Concentração de dióxido de carbono na atmosfera é a maior da história
Segundo os cientistas, isso acontece por conta do dióxido de carbono emitido pela atividade humana, que prende na Terra a radiação emitida pelo Sol e aumenta a temperatura.
Infográfico:http://soumaisenem.com.br/geografia/o-meio-ambiente/aquecimento-global
Essa maior exatidão dos modelos atuais está exemplificada nos novos cálculos do IPCC, que aumentam a certeza do envolvimento humano no aquecimento global registrado entre os anos de 1951 e 2010 (o aumento de 90% pra 95% representa, na linguagem dos cientistas, uma mudança de “muito provável” para “extremamente provável”). Uma maior certeza dessa relação tem óbvias implicações políticas. “Ao afirmar que o homem é responsável pelas mudanças do clima, o relatório abre caminho para a implementação global de políticas públicas de redução da queima de combustíveis fósseis”, diz o físico.
 Hiato – A principal controvérsia do relatório, no entanto, deve ser mesmo o hiato constatado no aquecimento global. Segundo o texto de 2007, a Terra vinha passando por um aquecimento linear nos últimos 50 anos, aumentando 0,13 grau Celsius por década. Os cientistas, no entanto, haviam falhado em perceber que, desde 1998, essa tendência havia sido interrompida — o que serviu de forte munição para os críticos do IPCC.
Hoje, o painel reconhece o hiato, afirmando que entre 1998 e 2012 o aquecimento global caiu para apenas 0,05 grau Celsius por década. No entanto, os cientistas preveem que a taxa deve voltar a subir nos próximos anos. Segundo eles, hiatos de dez ou quinze anos nas mudanças climáticas são comuns, e o que deve ser levado em conta para traçar tendências devem ser períodos mais longos de tempo.
Para explicar as causas da estagnação da temperatura global, os pesquisadores citam uma série de razões, como erupções vulcânicas (que bloqueiam a radiação solar) e períodos de baixa intensidade no ciclo do Sol. Segundo a explicação mais aceita pelo IPCC, a Terra está, sim, ficando mais quente, mas o calor adicional está sendo absorvido por determinadas regiões do planeta, não pela atmosfera. “Os mecanismos por trás dessa redução no aquecimento foram identificados: a maior absorção de calor pelas águas profundas (localizadas abaixo de 700 metros) e a maior frequência de fenômenos como o La Niña, que causam uma maior transferência de calor da atmosfera para os oceanos”, diz Artaxo.
Em um dos estudos, a agência espacial americana analisou 40 anos de dados de solo, aviões e de satélite sobre o que os pesquisadores chamam de "o ponto fraco da Antártida Ocidental" que mostram que o colapso das geleiras da região está sendo provocado pela água morna do oceano que se infiltra por baixo da camada de gelo, acelerando o seu derretimento. "Parece estar acontecendo rapidamente", disse o glaciologista da Universidade de Washington Ian Joughin, autor de um dos levantamentos.


'Reação em cadeia' – Outro cientista envolvido nas pesquisas classificou o processo como "irrefreável" e explicou que nenhuma ação humana ou mudança climática poderá deter o derretimento, embora ele possa ser reduzido. "O sistema está em uma espécie de reação em cadeia que é irrefreável", disse o glaciologista da Nasa Eric Rignot, principal autor de um dos estudos. "Cada processo nesta reação está alimentando o próximo." Seg
O relatório final será apresentado em outubro de 2014 deve guiar a redação de um acordo, que será proposto pela ONU em 2015, para que os países se comprometam a conter as emissões de gases de efeito estufa. O crescimento acelerado da indústria na China, em especial, contribuiu para os que os níveis de emissão global atingissem recordes nos últimos anos. Segundo a ONU, para reduzir as emissões, é preciso diminuir a produção e consumo de energia e de transportes, além de desacelerar a construção civil, o ritmo industrial e o desmatamento.
Infográfico:revistaescola.abril.com.br
Caso as medidas propostas não sejam adotadas, a temperatura global poderá aumentar em 3,7 graus Celsius e 4,8 graus Celsius até 2100, algo catastrófico, segundo os cientistas. Isso poderia levar a mais ondas de calor, enchentes, secas e à elevação do nível do mar em diversas partes do mundo. "Uma mitigação ambiciosa pode até exigir a remoção de dióxido de carbono da atmosfera", disse o IPCC. Atrasos em medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2030 forçariam um uso muito maior dessas tecnologias.